Antoine de Saint-Exupery et son Petit Prince
via Google Images Archives
"Pour ce qui est de l’avenir, il ne s’agit pas de le prévoir, mais de le rendre possible."
Saint-Exupéry
Amanhã, dia 7 de Agosto 2009, os céus de Marselha vão encher-se de aviões. Simbólica maneira de a França recordar o escritor, ilustrador, cientista e piloto francês Antoine de Saint-Exupéry, 65 anos após o desaparecimento do seu avião, numa uma missão durante a II Grande Guerra.
A missão tinha como objectivo realizar um reconhecimento fotográfico para preparar o desembarque dos Aliados na Provença, fotografando as tropas alemãs em diversos pontos do país.
Antoine de Saint-Exupéry
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A 31 de Julho de 1944, os radares da Resistência perderam o rastro de um dos seus aviões, Lightning P38, no Mediterrâneo. Cumpria uma missão de reconhecimento entre Grenoble e Annecy. Pilotava-o Saint-Exupéry.
Durante anos, desconheceu-se tudo sobre este desaparecimento. Recentemente, um antigo piloto alemão assumiu-se como autor dos disparos que abateram o avião em que seguia o piloto escritor Saint-Exupéry.
As investigações levadas a cabo não conseguiram comprovar a versão. Apenas se sabe que Saint-Exupéry terá desaparecido no mar quando o seu avião caiu no Mediterrâneo.
Mais recentemente, em 2017, Horst Rippert, piloto alemão da Luftwaffe, admitiu, aos 88 anos, ter abatido Antoine de St Exupéry ao largo de Marselha durante a Segunda Guerra Mundial.
'Saint Exupery'/ Acrílico sobre tela
Jorge Fin, 2003
Max Estrella, Galeria de Arte, Madrid
Certo é que depois de ter descolado nessa manhã de Julho, Saint-Exupéry desapareceu na imensidão desse azul que ele tanto amava, numa derradeira missão sem regresso. Não se sabe ao certo o local da queda no Mediterrâneo.
Ainda hoje permanece o mistério, o que adensa mais ainda o mito. O corpo do aviador, nunca encontrado, alimentou uma incerteza que se prolongou por décadas. No entanto, sabe-se agora que o avião de Saint.Exupéry voava a 2 000 metros de altitude, quando o normal é voar a 10 000.
Avião Lockheed Lightning P-38 que Saint Exupéry pilotava
créditos: Autor não identificado
Sem dificuldades, Horst apontou, atirou e acertou. O avião caiu a pique sobre o mar, e ninguém se ejectou. Dias depois, quando a notícia do desaparecimento do escritor surgiu, Rippert pediu secretamente que não fosse ele a vítima do seu fogo. E manteve o segredo durante 64 longos anos.
A última nota do escritor, encontrada na sua secretária, dizia: "Se for abatido, não lamentarei. A termiteira futura espanta-me e odeio a sua virtude de robôs. Estava feito para ser jardineiro".
Dir-se-ia que Antoine de St Exupéry pressentira a proximidade da sua morte. Por que razão voava tão baixo? Um piloto com mais de 6 500 horas de voo? O mistério nunca teve resposta, e décadas passaram sem vestígios do corpo ou destroços do avião de St Exupéry.
"N'espère rien de l'homme s'il travaille pour sa propre vie et non pour son éternité."
Saint-Exupéry
Pilote de Guerre
Antoine de Saint-Exupéry
éditions Livre de Poche, 1942
Publicou o seu primeiro conto, "L'Aviateur" em 1926. "Courrier Sud", depois adaptado ao cinema, (Saint-Exupéry dobrou as cenas de voo) saiu dois anos mais tarde (1929).
Courrier du Sud
Em 1931 publicou o romance, Vol de Nuit com Prefácio de André Gide. Livro a que foi atribuído o Prémio Femina (1931).
Um pouco à semelhança da sua vida, "Voo Nocturno" mostra-nos um homem em que a coragem era tão natural que dela pouco caso fazia.
Durante o sey exílio nos Estados Unidos escreveu Lettre à un otage (1942). Em forma de carta, o escritor dirigi-se a um amigo feito "refém" numa França ocupada, perseguido no seu país que não pode deixar. Neste livro-carta. Saint Exupéry homenageia o seu país, a França ocupada.
Lettre à un otage
Antoine de Saint Exupéry
Belin & Gallimard, 1944
Em 1942 sai Pilote de Guerre que rapidamente se tornou um best-seller. A versão original mais abaixo:
Pilote de Guerre
Antoine de Saint Exupéry
version originale,1942
E em 1943 escreve e publica Lettre à un Otage. E finalmente, Le Petit Prince.
Em 1948 é publicado postumamente o romance Citadelle:
"Saint-Exupéry désignait lui-même Citadelle comme son œuvre posthume. Ébauché dès 1936, le texte est élaboré parallèlement aux derniers livres publiés de son vivant : Terre des hommes, Pilote de guerre, Le Petit Prince. Rassemblés dans une valise, les feuillets écrits sur plusieurs années forment un recueil de réflexions sur la condition de l’homme et son lien à Dieu."
Citadelle
Antoine de Saint-Exupéry, póstumo,1948
Il est difficile d’imaginer la forme finale de ce texte que Saint-Exupéry avait l’intention de corriger, ce qui signifiait pour lui, une réécriture. Les feuillets qui nous sont parvenus représentent à eux seuls, en nombre de pages, la moitié de son œuvre."
A sua escrita continua a encantar diferentes gerações. Perdura no tempo.
"Saint-Exupéry soube transmitir-nos as grandezas dos espaços aéreos e dos silenciosos desertos, as sensações do piloto na carlinga do avião, a pequenez do homem e a sua capacidade de se superar frente ao perigo, perante o infinito ou nas mais duras circunstâncias, como por exemplo as dos náufragos em terra inóspita, despojados de tudo."
Urbano Tavares Rodrigues
As comemorações que têm por tema o piloto-escritor, um dos maiores fenómenos editoriais do Ocidente, sobretudo pela sua obra Le Petit Prince, começaram em Paris, há mais de um mês.
De 27 a 29 de Junho último, mais de 250 estudiosos procedentes de 20 países reuniram-se no imponente prédio histórico do Collège des Bernardins, recentemente restaurado, a fim de discutirem a modernidade de Antoine de Saint-Exupéry.
Organizado pela Succession Saint-Exupéry, o Colóquio propiciou contacto entre pessoas e instituições que realizam trabalhos relativos ao autor e à sua obra. Entre estes, encontrava-se Umberto Eco.
"Venus de Russie, du Japon, de Corée, d’Afrique, ou d’Amérique, ils ont mis en évidence l’universalité du message de l’écrivain humaniste."
Também amanhã, e no quadro de um conjunto de homenagens ao escritor que se prolongarão até 2013, será inaugurada em Marseille, a exposição intitulada Saint-Exupéry - Invitation au voyage.
A França lembrará assim um homem cujo desaparecimento tem provocado as mais fantasiosas conjecturas, agora mais verdadeiras (?)
Saint-Exupéry (1900-1944) morreu, deixando uma obra literária em que avultam os títulos acima assinalados, entre outros escritos, ilustrações.
Outras obras póstumas que poderão encontrar na colecção Folio da Gallimard:
Lettres de jeunesse (1953)
Carnets (1953)
Lettres à sa mère (1955)
Écrits de guerre 1939-1944 (1982)
Manon, danseuse (2007)
Lettres à l'inconnue (2008)
Impossível não visitar o sítio web oficial do autor aqui
Le Petit Prince
Aontoine de Saint-Exupéry
1ere édition, 1943
Continua a ser um dos meus livros de cabeceira. Paradoxo, lado a lado com O Livro do Desassossego de Bernardo Soares, ortónimo de Fernando Pessoa.
Le Petit Prince
Antoine de Saint-Exupéry
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G-S
Fragmentos Culturais
06.08.2009
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Referências:
França recorda Saint Exupéry
DN | Artes, 30.07.2009
Fondation Antoine de Saint Exupéry | Expresso 2017