sexta-feira, 30 de julho de 2010

António Feio : tributo





António Feio [1954-2010]
créditos; Botelho


António Feio morreu esta quinta feira à noite, depois de uma corajosa luta. A arte da comédia em português ficou tão pobre! 

Começou a representar aos onze anos e, no teatro ou na televisão, António Feio ficou para sempre associado à comédia. Da «Conversa da Treta», na personagem do marialva Toni, a «Paraíso Filmes», o actor e encenador deixou muitas figuras na memória de muitos.







Os que amei, onde estão? Idos, dispersos,
Arrastados no giro dos tufões,
Levados, como em sonho, entre visões,
Na fuga, no ruir dos universos…

Antero de Quental, Com os Mortos, 1ª estrofe
in Sonetos*

G-S

Fragmentos Culturais em singela homenagem
30.07.2010
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*Casa Fernando Pessoa, Banco de Poesia

terça-feira, 20 de julho de 2010

Facebook : filme & livro !






The Social Network
David Fincher, 2010


O novo trailer do filme The Social Network realizado por David Fincher é inspirado no criador da rede social Facebook, Mark Zuckerberg, é já conhecido.

Toda a gente sabe a importância que esta rede social passou a ter no quotidiano de milhões de pessoas em todo o mundo. E, no entanto, o seu criador teve que enfrentar duras batalhas em tribunal, no início deste ano. 

Zuckerberg não respeitou as leis de privacidade de dados, quando no final de 2009, disponibilizou sem consentimento dos seus fãs, todos os dados pessoais.







Agora, os utilizadores mais atentos têm mais cuidado com o que publicam,  Facebook viu-se obrigado a recuar em alguns pontos, um botão de alerta* foi disponibilizado para proteger as crianças e adolescentes no Reino Unido. Apesar de tudo continua a ser a rede social mais frequentada. 


Nem o Twitter, também uma rede social de muito sucesso, conseguiu destronar Facebook, embora Twitter tenha uma outra  função e uma dinâmica totalmente diferente!







The Accidental Billionaires
Ben Mezrich, 2009




The Accidental Billionaires
Ben Mezrich


The Social Network é um filme biográfico realizado por David Fincher em 2010, com enredo de Aaron Sorkin e Ben Mezrich, baseado no livro deste úlimo (2009) The Accidental Billionaires.


The Social Network, com o título em português A Rede Socialrealizado por David Fincher o mesmo que assinou filmes de culto como Fight Club, Panic Room, Se7en, The Curious Case of Benjamin Button, entre outros, é baseado no best-seller The Accidental Billionaires escrito por Ben Mezrich. Conta a história da criação do Facebook que foi gerada num dormitório de University of Harvard.

"Mezrich's prose has a cinematic flavor." 

The Boston Globe




 


Não se sabe ainda muito sobre o filme, mas pelo trailer e alguns relatos de diferentes figuras envolvidas na sua produção, The Social Network fala da relação de Mark Zuckerberg e dos amigos, à medida  que a mais famosa rede social do mundo foi ganhando forma, força e claro - fama - e que vai trazer muito dinheiro. Justin Timberlake interpreta um dos 'amigos' de Zuckerberg.

The Social Network sairá em Outubro nos Estados Unidos. Quanto à distribuição mundial, nada foi dito. Sabe-se sim que a banda sonora é dirigida por Trent Reznor, ex-Nine Inch Nails

"Creep" o belíssimo tema dos Radiohead  dá vida ao trailer, mas um cover coral lindíssimo interpretado pelo Scala & Kolacny Brothers:






"Não chegas aos 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos"

(apresentação filme)


G-S

Fragmentos Culturais
(formato web 2.0)

19.07.2010
actualizado 28.08.2023
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 fonte: JN/ blogue "nós na rede"

*UK Child Exploitation and Online Protection Centre (Ceop)


quinta-feira, 8 de julho de 2010

Melody Gardot na Casa da Música



Melody Gardot/ Casa da Música
Fotografia: Paulo Costa

Diamonds shining, dancing, dining with some man in a restaurant
Is that all you really want?
No, Sophisticaded lady,
I know, you miss the love you lost long ago
And when nobody is nigh you cry

Sophisticad Lady, (lyrics Mike Parish)
Duke Ellington/ Irving Mills

Bem! Na Casa da Música, anteontem, dia 06 Julho 2010, Melody Gardot apresentou-se num estilo de sophisticad lady! Foi logo este o título do tema inesquecível de Billy Holiday que me saltou de rompante, mal a vi entrar no palco.

Uma mulher alta, bem elegante, num vestido vermelho quente, que contrastava lindamente com o cabelo loiro e a bijuteria exuberante. Um todo rematado com um par de óculos escuros e uma distinta bengala. Épatante, diriam os franceses!! No entanto, Melody tem por trás deste look uma história dramática.

O público foi apanhado tão de surpresa que não conseguiu reagir nos primeiros instantes! Lembrei Dianna Krall, na primeira vez que se apresentou em palco, no Coliseu. Embora Krall vestisse um discreto vestido preto, saltos altos sim, mas cabelos soltos, sem adereços. 

Voltemos ao essencial! O jazz! Foi jazz de inspiração blues num misto de chanson que se tocou e ouviu na voz melodiosa de Gardot! Os músicos distintamente vestidos de negro, apresentaram-se de início em trio (saxofones, contrabaixo e percussão), mas depois dos dois primeiros temas, o instrumental de introdução seguido do primeiro vocal - The Rain - com a compositora e intérprete sentada ao piano, fez sua aparição o quarto músico. Eu diria uma quase inovação no conceito da formação em jazz! Raramente, oiço um violoncelo em jazz!

O  palco virou ainda mais intimista com o som do violoncelo! Verdade! Para mim, o mais criativo músico em palco. De enorme qualidade! Um carisma especial num todo  de música excelente. 



Melody Gardot
Imagem cartaz

"A norte-americana Melody Gardot apresenta na Casa da Música o último álbum de originais, My One and Only Thrill. O trabalho, segundo longa-duração da cantora, consolidou-a como uma das vozes mais importantes do jazz actual, tendo alcançado o segundo lugar do top da categoria nos Estados Unidos e o 12º lugar do top inglês."

www.casadamusica.pt


Melody Gardot/ Casa da Música
Fotografia: Paulo Costa


... podia ler-se na apresentação! Melody Gardot começou a sua actuação, tal como Krall, sentada ao piano, manejando os pedais com saltos altíssimos, tocou com desenvoltura, mas nada comparada a Dianna


O público, já mais refeito de tal presença, repito, bem sensual e nada comum, começou a reagir após o segundo tema cantado. E foram muitos, se não quase toda a sala Suggia, que acompanharam calorosamente os temas interpretados.


Fazem parte desse seu segundo trabalho My One and Only Thrill (2009). Este álbum enfatiza as qualidades de Gardot, e tem um cunho mais jazzy com impressões bossa jazz do que o seu primeiro trabalho, Worrisome Heart (2006). 


Ressalto You Really Got Me,  Baby If the Stars Were Mine, Who Will Confort Me.


Como último encore um indescritível momento! Um tema que me é muito querido, Somewhere over the Rainbow. Uma canção extraordinariamente acompanhada com solo de violoncelo, tocado em jeito e posição de guitarra clássica. Não tenho palavras! Intenso! 




Melody Gardot/ Casa da Música
Fotografia: Paulo Costa

Music therapy is part of my life.
Melody Gardot

Não posso dizer que Melody Gardot tem uma voz carismática! Ao ouvi-la, penso em Lisa Ekdhal ou Norah Jones mas o seu timbre é muito agradável e melódico! 


Melody imprime à sua voz uma característica muito especial: uma certa languidez no fraseio que elegantemente alongam as suas melodias terminando depois quase em sussurro. Temas curtos, subtis percepções, delicadas emoções de sonoridades introspectivas que se tornam encantadoras.


Apoiada em músicos de tão grande qualidade, aliás a cantora e compositora não lhes poupou elogios, a noite resultou linda!


Não conhecia nada da intérprete e compositora! E preferi deixar-me surpreender! Em pleno! Ficou-me no íntimo!



My One and Only Thrill
Melody Gardot/ The Verve
http://www.melodygardot.com/

Jazz sensation Melody Gardot’s grief-stricken, yet inspirational, journey to stardom is captured in Melody Gardot: The Accidental Musician.


G-S


Fragmentos Culturais

08.07.2010
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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Benvindo de Carvalho - Configurações




Benvindo de Carvalho! Convite
Exposição Configurações! Pintura

"O homem que jaz num sono feito de ausência é apenas um homem; o homem que acentua a vigília com outra vigília, que é a exaltação da realidade que o rodeia, esse é artista."

Agustina Bessa-Luís, Falar de Arte, pág. 151
Dicionário Imperfeito, Guimarães Editores, 2008

Benvindo de Carvalho inaugura mais uma exposição individual. Desta vez, na Cooperativa Artística Árvore, Porto, hoje dia 02 de Julho 2010, pelas 21:30 horas.


Benvindo de Carvalho/ Pintor
Quadros em espera

Conheci Benvindo de Carvalho há alguns anos e somos amigos desde então! Convivemos no mesmo espaço profissional durante tempos. 

Foi nessa altura que fiquei a admirar a sua arte! Aprecio profundamente suas pinturas! Têm algo que passa por mim! O rasgo de liberdade, a explosão de cores, a solidão do traço, a criatividade dos sentires.  

"Mas quem pode falar de arte senão os que aceitam os seus manifestos - outro artista, portanto? Quando se nos depara um traço num papel, ou uma fina aguada, primeiro classificamos os meios e a expressão: se é tinta da china ou se o escorrer da água azul não criou uma espessura vitrosa. Mas depois vemos que há uma terceira natureza, surgida do meio e da expressão da obra: é a poesia, modo indefectível do conhecimento."

Agustina Bessa-Luís, Falar de Arte, pág. 151

Dicionário Imperfeito, Guimarães Editores, 2008
 


Benvindo de Carvalho/ Sem título (2009)
Acrílico sobre tela
Depois, cada um seguiu seu espaço profissional. Desde aí pouco nos cruzámos. 
Vêmo-nos raramente! Umas vezes por acaso! Outras porque Benvindo sempre me convida para as suas vernissage! Uma amizade franca e duradoira que o tempo não desfez. Impossível resistir!
 
Benvindo de Carvalho/ Sem título (2008)
Acrílico sobre tela
 
Benvindo, na minha concepção bem subjectiva, é claro, é dos melhores pintores portugueses. Porque em arte tudo é subjectividade! 
Gosto de Júlio Pomar! E de Eduardo Luís! E gosto de Benvindo de Carvalho! Sobre Júlio Pomar, já escrevi aqui e aqui. Um destes dias, escreverei sobre Eduardo Luís! Mas hoje é o dia de Benvindo de Carvalho.


Light and Shadow
Benvindo de Carvalho
 

Olhar as suas telas, é mergulhar num mundo exuberante de configurações  em que a afectividade se envolve! O traço na tela não faz tréguas. Desprende-se, vagueia na memória das pessoas e das coisas que nos tocam, move-se por registos inundados de fulgor e sombra. 

Narrativas inacabadas que cada leitor/ olhar completará ou continuará a seu belo prazer, apenas deixando fluir a imaginação pelas suas telas, num conceito de plena irreverência! 

Seu traço  percorre parte dessas estórias que não se desprende, me parece, da figura e da sensualidade da figura feminina! Mas fá-lo veladamente, com pudor intimista! Nosso olhar não se deixa intimidar ! Os pintores também são poetas! Então há que ler suas telas como se fossem poemas, onde a palavra é ausente, para maior liberdade!

"Basta de palavras. Quando predomina, a matéria pictórica explode, (...) Poisando francamente sobre a tela nua, o gesto do pintor afirma-se no movimento que espalha a cor, na pasta amassada como massa, nas formas que se percorrem segundo uma disciplina cruel cujo rigor não suporta a frivolidade."

 
Júlio Pomar, Da cegueira dos Pintores, pág. 119
Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Março 1986

G-S
 
(inédito, dedicado a um grande amigo, Benvindo de Carvalho)

Fragmentos Culturais
02.07.2010
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*Imagens de quadros de Benvindo de Carvalho seleccionadas em Domus Arte - Divulgação, sítio web do pintor.