domingo, 22 de julho de 2012

Aqui, exactamente aqui... Prof. J. H. Saraiva




Prof. José Hermano Saraiva


Ouvir, ver o Professor José Hermano Saraiva é mergulhar na História de Portugal, na Cultura Portuguesa, é perscrutar os encantos deste país. Com os olhos da alma, do coração, mas também com o conhecimento intelectual e científico de um grande historiador. Com o seu discurso fluido, tao rico de saberes, de pormenores, de lembranças, muito levantou das brumas da nossa memória.





Um testemunho de vida emocionante, o do Prof. José Hermano Saraiva. Pelo ser humano simples, directo, culto.

Valiosos os episódios televisivos que permanecerão na memória deste país. Não duvido que a História lhe dará o seu lugar entre os vultos da Cultura que se  preocuparam em torná-la tão acessível a todos. 


A obra intelectual de José Hermano Saraiva é imensa. Consta de dezenas de livros publicados, de múltiplos artigos ou discursos editados, que se enquadram em  trabalhos de investigação histórica, "de prelecção pedagógica, de conteúdo jurídico e, fundamentalmente, pelos livros de divulgação da memória colectiva como coordenador de obras colectivas que reuniu uma plêiade de historiadores e de investigadores, pelos livros de síntese histórica e pelos programas televisivos de grande habilidade na oratória que prenderam a atenção mediática de muitos telespectadores."


Prof. Nuno Sotto Mayor Ferrão


Eis um dos trabalhos televisivos (entre tantos) que admiro, embora incompleto. Aqui o Professor conta episódios ligados à Literatura Portuguesa (Eça de Queiroz), à história da cidade do Porto (Palácio da Bolsa), entre outras histórias de Portugal. Era um inato contador.






Irmão do grande intelectual da literatura portuguesa, António José SaraivaEscritor, ensaísta, crítico e historiador da literatura portuguesa. 

"Eu acredito no espírito, mas não sou capaz de o definir.
Eu estou pronto a emigrar de novo, se necessário. Eu sou António José Saraiva."

in O País Magazine, 11/02/82, p.XIII

Pensador vigoroso e original, o Prof. António José Saraiva é autor de uma obra vasta da qual se destacam A Cultura em PortugalHistória da Literatura Portuguesa (com a colaboração de Óscar Lopes - meu insigne mestre de Teoria da Literatura Portuguesa -  Iniciação na Literatura PortuguesaInquisição e Cristãos-Novos e A Tertúlia Ocidental, entre outras. Um excelente teórico da Literatura.

Gertrude Stein dizia que a História "faz memória". Essa mesma História, saberá dar-lhe o lugar que merece entre os vultos da Cultura que se preocuparam em torná-la acessível ao grande público.

Excelente comunicador, transportava-nos ao passado como ninguém. Mesmo os mais simples o escutavam, admiravam.

"São características emblemáticas da sua linguagem: quer a expressividade Barroca das suas mãos, que ficou gravada na retina de milhões de portugueses, quer a sua carismática frase, que em muitos programas repetiu à exaustão, “foi aqui, exactamente aqui…” que fascinou muitos telespectadores."

Prof. Nuno Sotto Mayor Ferrão

G-S


Fragmentos Culturais


21.07.2012


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Referências:


António José Saraiva | História da Cultura
http://www.citi.pt/cultura/historia_cultura/a_j_saraiva/index.html


José Hermano Saraiva, historiador e divulgador da Cultura Portuguesa
http://cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt/20703.html



quinta-feira, 12 de julho de 2012

The Rolling Stones : Goodnight Charlie Watts !





Charlie Watts [1941-2021]
créditos: Getty Images

«Charlie Watts "kept the beat to the soundtrack of our lives" as Rolling Stones drummer.»

BBC Arts

Morreu Charlie  Watts. Watts, o baterista dos Rolling Stones foi sempre o membro discreto dos Stones. O menos explosivo, mais interiorizado, bem diferente de Jagger e Richards. Melhor vestido, discreto na sua vida pessoal. E até na forma como se exprimia musicalmente.


Não era baterista de solos estrondosos. Mas tinha ritmo. Muito ritmo. Era um apaixonado pelo jazz, apesar de se ter tornado numa lenda do rock. Watts que em 2016 foi nomeado pela revista “Rolling Stone” como o 12.º no ranking dos 100 maiores bateristas de sempre.





Charlie Watts
créditos: Getty Images


Foi durante 60 anos - já lá vão 60 anos?! - o verdadeiro compasso da banda, segundo os próprios colegas de banda. 


“O Charlie é o motor”

Ronnie Wood


"Charlie Watts was never the most flashy drummer. He wasn't known for the frenzied solos of Cream's Ginger Baker, or for placing explosives in his kick drum like The Who's Keith Moon. Instead, he was the subtle, stoic heartbeat of The Rolling Stones for almost 60 years."

BBC Arts

Eric Clapton escreveu : Goodnight my prince...





The Rolling Stones
50 years
créditos: The Rolling Stones





The Rolling Stones at Marquee Club, 1971
credits: unknown

E foi há 60 anos, 12 Julho 1962, que os Rolling Stones tocaram no Marquee Club em Londres, pela primeira vez. 





The Rolling Stones at Marquee Club, 1971
credits: unknown


E de novo aqui estou a escrever sobre os Rolling Stones. Os Rolling Stones live Porto que passaram pela cidade, na tounée Big Band.

Estive lá! Um concerto memorável. mais de duas horas em palco sem paragem.






Concerto Rolling Stones
Porto, 2006
via TVI24


"A noite quente convidava à esfuziante entrega ao ritmo quase sempre frenético da banda. Foi a festa total para todos! O entusiasmo envolvente dos sons e o poder de comunicação trepidante de Mick Jagger não desiludiu todos os que lá estiveram!"

G-S (2006)





Stones in Exile (2010)


Escrevi, a propósito de Stones inédito em Cannes (2010), o comentário inédito Stones in exile projectado na Quinzaine des Réalisateurs, Festival de Cannes 2010. 

Documentário sobre a gravação do mítico álbum "Exile on main street" (1972). 


"À la fin des années 1960, les Rolling Stones se trouvent à un tournant de leur vie. Harcelé par la presse, luttant contre l’emprise de la drogue, au bord de la faillite financière, le groupe jette l’éponge et se réfugie dans le Sud de la France." (...)

Festival de Cannes,Quinzaine des Réalisateurs





Ante-estreia Shine a Light (Londres) 
credits: Reuters 2008

Hoje volto aqui para homenagear Charlie Watts e a longevidade em palco deste músico  na celebrada banda rock que encheu o estádio do Porto, em 2006. E percorreu o mundo até início da pandemia.





Charlie Watts [1941-2021]
créditos: Chris Tuite/imageSpace/Rex/Shutterstock

Watts durante um concerto Rolling Stones em Santa Clara, US, 18 Agosto 2019.

Nascido em Londres, Watts viu a sua casa ser destruída pelos bombardeamentos alemães durante a II Guerra Mundial. Mais tarde, já com 13 anos, começou a tocar bateria e a imitar os seus heróis do jazz, sobretudo Charlie Parker.

Foi como membro dos Blues Incorporated, uma banda de blues, que conheceu Brian Jones, que o levou até Jagger e Richards. Esse encontro deu início à sua entrada nos The Rollings Stones






Rolling Stones (Austria) 
credits: Leonhard Foeger/Reuters 2017

Para todos os fãs, há imensos sítios, bem como redes sociais a expressar os sentimentos pelo desaparecimento de Charlie Watts. Sites de arte e entretenimento, redes sociais de músicos e fãs É só pesquisar. 

A banda lançara um site comemorativo dos 50 anos de carreira "50 Years of The Rolling Stones", 2012.

Também The Guardian publicou nessta altura uma galeria virtual The Rolling Stones at 50 - in pictures. Cinquenta fotos da banda com links que conduzem a vídeos e histórias. Muito completo.





Rolling Stones (Tóquio)
créditos: PA



Ah! Impossível não falar do documentário Shine a Light sobre os Rolling Stones do realizador Martin Scorsese (2008). O mesmo realizador de George Harrison - Living in a Material World (2011)





Shine a Light 
Rolling Stones
Shine a Light
Martin Scorsese, 2008


A visitar Charlie Watts : The Life of a Rolling Stone in Pictures (BBC). Não deixe de fazê-lo. Justa homenagem da BBC.






Rolling Stones, concerto virtual 2020
créditos: Getty Images
BBC

"The Rolling Stones did manage to play - from four separate locations - in April 2020 as part of a virtual concert to celebrate healthcare workers during the pandemic. 

Watts was seen banging on flight cases and the arm of a sofa in the absence of his drum kit."

Alex Taylor, BBC








"A very sad day. Charlie Watts was the ultimate drummer. The most stylish of men, and such brilliant company."

Sir Elthon John, Twitter





#1 French Jazz/ Blues Album
Charlie Watts


*Nota: A página Facebook de Charlie Watts acaba de anunciar a publicação do album Anthology #1 French Jazz/ Blues Album (Watts era apaixonado por jazz) que pode ser ouvido aqui

"Charlie Watts - Anthology is an affectionate retrospective and a reflection of just how frequently Watts was able to exercise his jazz muscles between Rolling Stones commitments to create a bespoke discography of his own."


G-S

Fragmentos Culturais

12.07.2012

actualizado 16.07.2023
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sexta-feira, 6 de julho de 2012

CNB no Porto: La Valse de Marurice Ravel : um hino esfuziante !






La Valse
créditos: CNB

"Adoro valsas, mesmo em silêncio, adoro o gingar e a fúria ternária. É uma obsessão,  é o vento que acaricia ou devasta. É uma musicalidade de todas as possibilidades..."

Paulo Ribeiro, coreógrafo

A Companhia Nacional de Bailado (CNB) está de regresso ao Coliseu do Porto, em espectáculo de dança contemporânea.

No programa, duas belíssimas peças, "Sagração de Primavera" de Igor Stravinsky e "La Valse" de Maurice Ravel

Duas obras de ruptura e exotismo que foram encomendadas por Diaghilev, célebre fundador dos Ballets Russes de Montecarlo.






La Valse
crédito: CNB


La Valse, coreografia de Paulo Ribeiro, é acompanhada por uma curta-metragem de João Botelho com a participação dos bailarinos da Companhia Nacional de Bailadoversão musical da Orchestre du Théâtre des Champs-Élysées sob a direcção musical do Maestro Pedro de Freitas Branco (Paris, 1953)

Rav
el escreveu a propósito desta peça para orquestra que intitulou La Valse, un poème coréographique ser “uma espécie de apoteose da valsa vienense mesclando-se na minha cabeça com a ideia de turbilhão fantástico do destino”.

O compositor só viria a completar a obra após o final da 1ª Guerra Mundial, já influenciado pela experiência da guerra. O romantismo perde dominância e o ritmo da valsa deriva frequentemente para o caos, numa metáfora à Europa de então. 








Quase cem anos depois, quando os laços da Europa são repetidamente equacionados, a CNB desafia um coreógrafo e um realizador a explorarem a composição de Ravel e a conceberem um olhar cinematográfico sobre o movimento dos corpos.

A Sagração da Primavera já tive o raro privilégio de a ver dançada por várias companhias de dança contemporânea, não só cá no país, como em Paris. Uma delas pelo Ballet Béjart em Paris. Inolvidável! 

O deslumbramento cénico, visula e musical ainda hoje permanece na minha memória pética ( a das emoções).








La Valse, só conheço a versão sinfónica que aqui deixo interpretada pela Orchestre Philharmonique de Radio France. Um hino louco de ritmos e sonoridades. Apetecivelmente dançante!

Com a intenção de homenagear a valsa e Johann Strauss II, Maurice Ravel, em 1906, compôs o que pretendia que fosse uma obra romântica, e que intitulou La Valse, un poème chorégraphique

Antes de se ter alistado no exército e de ter interrompido a criação musical, Ravel escreveu que esta peça fosse "uma espécie de apoteose da valsa vienense mesclando-se na minha cabeça com a ideia de turbilhão fantástico do destino».

Adoraria ver esta versão coreografada. Pelo vídeo, deixou-me profundamente curiosa e agradada. Lamento não ter a disponibilidade de ir ao Coliseu do Porto, esta noite. 

Quanto à curta metragem de João Botelho, espero poder vê-lo ainda. Talvez saia em exibição mais alargada?

O espectáculo já andou em digressão pelo interior do país e vem agora ao Porto, seguindo depois para outras cidades do litoral.

"Então dancemos, dancemos, no ar, no fogo, no água, na terra, no meio da destruição do caos que a Europa de hoje é quase tão angustiante como a Europa de há cem anos..." e a de hoje!

João Botelho, realizador


Que saudade de um bom concerto ou espectáculo de dança. Ao vivo! 

G-S

Fragmentos Culturais

06.07.2012

actualização 07.03.2021
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