sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Falando de livros & outras artes




Livraria Lello, Porto
créditos : Javier Mielgo


« WOW, look at that ! » « That » is the Livraria Lello and you have never seen anything like it. Although, come to think of it, it probably reminds you of somewhere…

Fall in love with this fabulous bookshop and the totally unique spectacle of an amazing interior architecture. This somptuous bookshop inspired (yes, that’s it !) the Harry Potter’s library in Hogwarts. In fact, J.K Rowling lived in Porto teaching English in the early 1990s. Remember those awesome stairs and the impressive mouldings ? Alas, photos and filming are strictly forbidden and the sales staff are very vigilant. So soak in as many impressions as you can and remember it always."

European Consummers Choice

A Livraria Lello, como todos sabem, passou a cobrar três euros pela visita que serão dedutíveis na compra de um livro. Razão? A avalancha de turistas exponenciada pelo crescimento da cidade do Porto como roteiro cultural europeu.

A Baixa 'renascida' atrai centenas de turistas, e muitos de nós, claramente rendidos. Visitando lugares de culto ou espaços de degustação de bom gosto, a Baixa do Porto passou, de novo, a ser digna de lazer bem prazeroso. 





Dead Ends | João Louro
https://www.facebook.com/

"Las calles de la ciudad se va llenando, aparte del creciente turismo, de arte a cielo abierto. Ya se inició en 2001 con ocasión de la capitalidad cultural europea y la excepcional Trece riéndose unos de otros, la última obra del español Manuel Muñoz; ahora se añaden Ascensión, de Julio le Parc o Dead Ends, de João Louro, entre otros. Si se prefiere arte bajo techado, hay que patearse la recoleta calle Bombarda, que concentra galerías, cafés y posadas para artistas."

El País



Manuel Munõz
Jardim da Cordoaria


Mas voltando à Livraria Lello, considerada uma das mais bonitas livrarias do mundo - ocupa o terceiro lugar - a Lello tomou a decisão de cobrar a importância já assinalada para conter as entradas de turistas - mais de mil por dia, afirma.



Livraria Lello, Porto
créditos : José Liz Neves


E quando Joanne K. Rowling  fez saber que se inspirara nas escadas da livraria Lello para criar a grande escadaria de Hogwarts - refiro-me ao universo de Harry Potter - aos já muitos turistas, juntaram-se os fãs da sequela, entre os quais me incluo.

Edinburgo pode ter sido onde Harry Potter se desenvolveu na cabeça de Rowling, mas haverá sempre uma parte da Lello, e do Porto, em Hogwarts
"Protegida bajo la magia de Harry Potter, esta ciudad tiene desde julio un récord mundial increíble: una librería que gana más dinero por dejar mirar que por vender libros. La librería Lello cobra por entrar, una decisión de supervivencia ante la avalancha diaria que iba camino de arruinarles. Cerca de 4.000 personas entraban cada día para ver la escalera que  inspiró a la escritora J. K. Rowling en sus Harry Potter, hacerse un selfie y largarse sin decir ni obrigado. El remedio ha sido cobrar tres euros la entrada, que se devuelven en el caso (rarísimo) de que alguien compre un libro."

El País



Livraria Lello, Porto
créditos : Autor não identificado


Eu estou de acordo com a medida. Afinal, qualquer espaço de cultura, no estrangeiro é pago, e os valores bem mais elevados. E a Lello é uma raridade do séc. XIX. 

O bilhete foi instituido há três meses, por aí, tendo sido muito criticado. Tradição nacional. Criticar.

Pois sabe-se agora que as vendas da Lello aumentaram, segundo notícias, triplicaram, em três meses apenas. 

Se isso significa que há mais gente a ler livros em virtude da simples obrigação de pagar para visitar a livraria, então podemos aplicar o aforismo "há males que vêm por bem".



Aconselho a leitura integral do artigo do El País sobre a evolução da cultura no Porto, do qual referi aqui excertos. Tem por título De la antológica de Helena Almeida a la magia de Harry Potter, de Javier Martín (12 Novembro 2015).



George Whitman and daughter Sylvia in front of Shakespeare & Company, 1985
credits: Deborah Hayden

Mas há outros casos, também interessantes de livrarias, a nível internacional, que lançaram mão de meios para atrair pesssoas à leitura e à compra de livros.



credits: Shakespeare & Company

Shakespeare & Company, em Paris, uma das mais famosas livrarias,
 lugar que atraiu Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Henry Miller, Anaïs Nin, entre muitos outros, decidiu criar, pela mão da Sylvia, filha do antigo proprietário, o excêntrico, irascível e visionário George Whitmanuma simpática esplanada à porta, para que os compradores de livros possam sentar-se, folhear alguns livros, enquanto tomam um café e comem uma especialidade.



Shakespeare & Company
Paris

Shakespeare & Company  situa-se face ao Sena, não muito longe do Quartier Latin, Place Saint-Michel, e Boulevard Saint-Germain. O quartier com maior referência intelectual.


credits: Shakespeare & Company

Se a livraria da Rive Gauche já atraía turistas de todo o mundo pelos seus livros raros, agora não se trata apenas de passar por lá. Pode-se ficar sentado na esplanada, tranquilamente, a degustar livros, e as especialidades da casa.

Sobre esta conceituada livraria, aconselho a leitura do artigo In a Bookstore in Paris, que saíu na Vanity Fair/ Culture, em 2014. Para quem aprecia livros e literatura, o artigo é um passeio nostálgico pelos escritores da 
Lost Generation.


Gosto deste novos conceitos que apelam ao leitor-comprador e ao distinto atendimento, desprendo-se da habitual frieza que são os actuais lugares de livros. 

G-S 


Fragmentos Culturais


19.11.2015
Copyright © 2015-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®  

9 comentários:

  1. Foi hoje, numa manhã com sol um pouco tímido e um vento gelado, que passeei pelo Porto com uma amiga que há muito não vinha cá. É óbvio que passamos pela Lello, e eu digo passamos porque ela também ficou 'chocada' com a cobrança da entrada. Mas, depois de eu ter explicado o porquê (conforme dizes e muito bem neste post), aceitou voltar noutro dia para a visita... a fila era enorme para entrar. Eu fui nascido e criado bem perto daquela casa e já lá entrei diversas vezes...fico muito feliz por ver imensos turistas por perto e a visitar a Lello.

    Ainda relacionado com livros... Recentemente, num dia muito especial, fui jantar com a minha mulher ao 'Book' (onde durante anos funcionou uma livraria),e quando me trouxeram o menu reparei que o mesmo vinha no meio de um livro... ri-me e fiquei ali preso ao livro (e ao menu), porque o livro foi um dos que usei no meu curso, já lá vão mais de 40 (!) anos, e era relacionado com 'Direito Comercial'
    Nem queria acreditar...

    Mais uma vez grato pela partilha.

    Tudo de bom.

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  2. Os turistas, dizem, não contestam. Afinal, no país de origem, tudo se paga.

    Já ouvi alguns, em entrevista na televisão, a expressar a boa aceitação desta medida.

    Coincidência feliz teres nascido e crescido bem perto da Lello.

    E olha que essa ideia do Book (antiga livraria) de entregar a factura dentro de um livro, agrada-me. Agora ser um livro mesmo ligado à tua área é que é surpreendente. Na internet acontecem esse tipo de coisas, depois de fazermos pesquisa em determinada temática. Somos espiados :-)

    Como sempre, eu é que tenho que agradecer teus comentários, 'aflores'.

    Tudo de bom.

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  3. Um local belíssimo, pagaria com prazer, aqui (Brasil) pagamos caro
    estacionamento de shopping.
    A questão seria a minha dificuldade de sair desta livraria Lello...rss
    Adoro livrarias com café e lanches,principalmente um legítimo cappuccino
    e vários livros a serem sentidos, folheados e lidos ao sabor de uma
    tarde ou noite bem devagar...
    Adoro também voar para o seu espaço e respirar
    cultura, arte e beleza!...
    Apreciei muito a sua visita luminosa e seu rico olhar
    sobre a minha tentativa de expressão poética, afinal as
    palavras têm um fluxo e rumo próprios...
    Beijo, querida.

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  4. Querida Suzete,

    Compreende bem que cultura não tem preço. Pois que posso eu acrescentar ao que já escrevi?
    A Livraria Lello é mesmo um lugar de cultura muito especial.

    Cafeteria não tem, ou pelo menos não tinha. Mas também adoro sentar-me numa mesa de livraria, aromatizada com um bom livro e um saboroso cappuccino :-)

    É com alegria que visito seu espaço. Só lamento ser agora menos assídua na blogosfera. Fases de vida...

    Boa noite de Reis!
    Beijos

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  5. Ainda tenho sentimentos contraditórios sobre o bilhete instituído na Lello! É certo que devem ser preservados estes espaços, mas começo por pensar que é particular e que, por isso, não devia cobrar entrada, muito embora a razão histórica nada tenha que ver com isso! O que surpreende, é que o auamento de vendas tenha sido tão grande! O facto de se deduzir o valor do bilhete na compra de um livro (não sei se dedutível também noutros artigos e produtos que lá têm), revelou-se uma estratégia de marketing brutal, muito embora não tenha sido esse o leit motiv, que deveria ser seguido por outros espaços, com algum cuidado dado que podia ter o efeito inverso, mas a priori, não gostei da implantação do sistema. aqui nem em outro lugar nenhum...

    registo, porém, com muito agradao e muitíssimo maior interesse, a ideia e efectivação da mesma pela Sylvia. Dá vontade de dizer: "Assim seja"! :)

    Um beijinho amigo

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  6. Compreendo-te, Daniel! Mas eu não tenho, dado que lá fora, qualquer visita com muito menos importância cultural se paga. E a preços bem mais altos.

    Quanto à dedução na compra de livros, tornou-se benéfica para a Lello e para os leitores.
    Sim tens razão, acabou por derivar em excelente 'estratégia' de marketing... e não sei se foi pensada, ou simplesmente aconteceu (?)

    Em outros produtos? Não estou a ver que a importância cobrada por entrada, possa ser dedutível no Bar. Mas a Lello fez saber, na altura, que essa dedução seria em livros e afins.

    Beijo amigo, Daniel
    (A Sylvia? Não perecebi a que ou quem te referias.)

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  7. Querida Suzete,

    Afinal, a Lello tem mesmo Bar :-)
    Beijos

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  8. Referia-me à sobrinha do proprietário Shakespeare em Paris, que em moldes diferentes dinamizou aquele espaço (e claro que isto nada tem que ver com a Lello, estava apenas a congratular a ideia) :)

    Beijinho

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  9. Olá Daniel, não me dera conta que voltaras para responder ao meu comentário/resposta. Ah! Silvia a actual proprietária da Shakespeare & Company. Verdade, a proposta dela é muito atractiva e fresca.

    Mas a Lello 'pecava' pela demasia de visitantes/turistas. E arriscou uma dinamização selectiva que resultou bem.

    É sempre muto bom ver-te por aqui. Agradeço a amizade ao longo dos anos que é retribuida com muito apreço.

    Beijinhos,

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